Plantar espécies nativas no Brasil é um grande desafio pois ainda são poucas as pesquisas sobre plantios dessas espécies, porém o potencial é enorme. Desafio este que sempre foi nosso foco.
Em meados de 2007 após longa pesquisa sobre quais espécies que poderíamos investir em plantios comerciais escolhemos entre outras espécies o Jequitibá Rosa, Cariniana legalis, espécie esta que já demostrava potencial em trabalhos em instituições de pesquisa como exemplo o Instituo Florestal de São Paulo. Iniciamos pequenos plantios, entre eles plantios mistos com outras espécies florestais, plantios agroflorestais com a cultura da pupunha e por fim o plantio puro da espécie. Desde essa época comercializamos mudas para diversos locais como diversas cidades dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia entre outros. Muitos desses produtores plantaram poucas mudas para embelezar sua propriedade, pois todos conhecem a fama das árvores gigantes de Jequitibá. Mas alguns produtores, como nós iniciaram um investimento com o plantio de Jequitibá, em diversos modelos também.
Estamos em 2018 e verificamos um excelente desenvolvimento da espécie que tem atraídos mais interessados e os próprios produtores que realizaram pequenos plantios estão se surpreendendo com a espécie.
O Jequitibá Rosa é nativo da Mata Atlântica e está presente em todos estados da região sudeste (SP, RJ, ES e MG) e alguns estados do Nordeste (BA, PB, AL, PE).
Necessita de uma pluviosidade anual de pelo menos 1200mm, de preferência bem distribuídos. Não recomendamos que seja plantado em solo muito pobres, mas sim em solos profundos com boa drenagem, com fertilidade média a boa e bem manejados. Apesar da literatura citar que prefere solo de textura argilosa, acompanhamos plantios em áreas arenosas com bom desenvolvimento. Não tolera geadas. Sua madeira é considerada nobre de cor levemente rosada e adequada para diversas finalidades.
Ao ser plantado é exigente em tratos culturais, principalmente nos 3 primeiros anos e responde bem a um bom manejo, como adubação, calagem, manejo de matocompetição. É bem susceptível a ataque de formigas, mas além desta praga ainda não identificamos nenhuma outra praga e doença nesses plantios que acompanhamos. Está se desenvolvendo bem nos diversos modelos de plantio. A partir do terceiro ano seu crescimento se torna mais vigoroso, não necessitando mais tantos gastos com manejo, a não ser a poda anual que é necessária ser realizada.
Estamos finalizando um trabalho de TCC de um estudante de engenharia florestal onde fizemos inventário da espécie em diversos modelos de plantio. Existe diversidade entre os resultados, indicando respostas melhores em sistemas onde os manejos foram mais adequados, como manejo da matocompetição na hora certa, adubação, controle efetivo de formigas cortadeiras.
Os dados de crescimento avaliados por nossa equipe em alguns plantios do estado de SP, mostram: DAP (diâmetro a altura do peito)
⎫ Plantio misto – 3 anos: DAP médio: 7 cm / Altura média: 5m
⎫ Plantio puro – 4 anos: DAP médio: 14cm / Altura média: 10m (plantio puro)
⎫ Plantio puro – 5 anos: DAP médio: 10 cm / Altura média: 8m (plantio puro)
⎫ Plantio agroflorestal – 9 anos: DAP médio: 21cm / Altura média: 15m
⎫ Plantio misto – 11 anos: DAP médio: 15 cm / Altura média: 13m
Os dados foram coletados em propriedades e sistemas diversos, com manejos e solo diferentes, mas já mostram o potencial da espécie.
Texto: Valeria Ciriello
Engenheira agrônoma, Mestre em Ciência Florestal
Diretora Executiva da Futuro Florestal